O ímpeto que me levou a escrever esse trabalho, foi a convivência e conversa com ativistas veganistas, a leitura sobre o tema e, a vontade de refletir sobre uma questão que é puramente ética.
Esse terreno de discussões já foi muito bem habitado por importantes pensadores, então antes de refletirem acerca de críticas que vão proferir ao meu presente trabalho, peço que leiam as citações e a linha de reflexão que venho propor e que muitos já discutiram, me dando embasamento e um relevante material para desenvolver tal escrita.
Lendo a obra de Ernst Tugendhat, “ Lições sobre ética”, encontrei logo nas suas primeiras páginas uma introdução sobre discussões e debates políticos relativos aos direitos de grupos particulares ou marginalizados, questões tais que devem sofrer um olhar atento por se tratarem de questões puramente morais. Entre elas, está a questão referente à indagação, se temos obrigações morais perante os animais não humanos e quais. Nesse texto, ele não trata sobre a atenção e desde então fui pesquisar sobre o tema.
Para continuar a tecer minha discussão, começarei a fazer citações de alguns importantes pensadores. O filósofo inglês Jeremy Bentham, importante pensador da ética utilitarista, argumentava em favor dos direitos animais:
“Talvez chegue o dia em que o restante da criação animal venha adquirir os direitos dos quais jamais poderiam ter sido privados, a não ser pela mão da tirania (...). A questão não é saber se os animais são capazes de raciocinar, ou se conseguem falar, mas, sim, se são passíveis de sofrimento”.
Esta foi a fala de Bentham, no tocante que diz respeito ao fim da citação, sabemos muito bem que qualquer animal vivo é dotado de mecanismos que lhes fazem sofrer e sentir dor. Os animais ditos irracionais respondem a estímulos e são capazes de mostrar e manifestar afeto e repulsa a dor.
A ética que defende a etóloga inglesa Jane Goodall e uma corrente biocêntrica do direito ambiental contemporânea, defende uma “ética que respeitasse todos os seres vivos” e fazendo menção ao grande Kant, a criação de um imperativo ético elementar (“não agredir a vida, seja ela qual for”).
O chamado ser dotado de razão, deixa de racionalizar questões básicas que dizem respeito a sua saúde e digo mais ao seu caráter como agente moral. O homem visualiza o telos, o fim, de apreciar a carne independentemente dos meios que foram usados para dar fim a este, de usar os animais não humanos como cobaias de modo a testar neles produtos e usa-los como fins para descobrir curas para doenças. Mas esse ser tão dotado de razão ainda não descobriu formas de saciar o seu ímpeto de sangue a não ser nos animais não humanos.
É inadmissível desculpas sobre isto, dizendo que, é uma questão de hábito, ou, cultural, até mesmo de saúde. É provado cientificamente que a dieta veganista é muito saudável, os hábitos são mudados conforme o tempo. E uma cultura que vê animais não humanos como iguarias, deve ser mudada ou revista dado o caráter dinâmico que é a cultura.
Artur Schopenhauer escreveu, a compaixão – princípio de toda a moralidade – toma também os animais sob seu manto protetor, porquanto diz:
“A suposta ausência de direitos aos animais, assim como o argumento de que nossa conduta em relação a eles não tem valor moral algum, é de ignorância revoltante”.
O pensador com o reconhecimento ao respeito que devemos ter perante a vida, relaciona isso à bondade de caráter, acreditando na educação espiritual como o único meio capaz de obter possíveis transformações.
Não quero com meu trabalho obriga-los a mudar seus hábitos alimentares ou suas posturas referentes ao mundo animal, mas é meu papel, como estudante, dar os meus primeiros passos na filosofia propondo uma reflexão a vocês. Se conseguir no mínimo toca-los de alguma maneira já me sentirei honrado. Sei que estou num ambiente amplo para discussões, no entanto prevalece à massa dos críticos imbuídos de refutações e defesas do seu modo de vida, que prevalece e embrutece o campo para formas de vida alternativas.
Voltando ao objetivo, brilhantes citações do filosofo Plutarco que dizia:
“Incapaz de entender a voz inocente dos animais de sentir em seus brados e em seus gestos o medo, a dor, o desejo, que são matéria da própria existência, o homem se convenceu de que a energia de seu intelecto lhe conferia o direito de apropriar-se da vida de todos os seres que povoam o universo e, de servir-se deles, primeiramente para alimentar a necessidade de sobrevivência, depois, o excesso dos seus instintos. Para legitimar a própria violência, criou o pretexto de usa-la em nome da palavra divina”.
Livrar os animais não humanos de tantos padecimentos consiste em uma difícil tarefa, de mudar seres dotados de convicções e certezas enraizadas em cabeças retrogradas e fechadas a refletir sobre tais questões. Temos o poder do discernimento, nunca é tarde para mudar ou rever ações, costumes ou pontos de vista. Terminarei o presente trabalho com a expectativa de ter passado uma boa mensagem. Espero ansiosamente ser metralhado pelas polêmicas e contrárias opiniões dos colegas acadêmicos. Fecho as citações com a frase de um considerável pensador, o professor italiano Cesare Goretti escrita em 1928:
“Quem maltrata um animal desconhece a dor universal que há em cada ser vivente; ofende um direito que existe, mesmo que o animal não tenha meios para fazê-lo valer”.
Encerro, dizendo que, fechado em minhas convicções e meus hábitos, me neguei a aceitar diferentes formas e filosofias de vida. Entretanto parei e refleti sobre a condição bestial em que me encontrava, então olhei a minha volta e resolvi mudar, pensei, escrevi e enxerguei que assim como violar a vida de outro ser humano é um grave crime, deveria ser de igual modo estendido aos nossos atos perante os animais não humanos. Respeitar a vida acima de tudo, constitui-se na máxima mais respeitada de todo o planeta, então que façamos esta valer. Os que fazem sua parte já têm a certeza plena do agir virtuoso, exercitando-se em prol de um mundo melhor.
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